terça-feira, 31 de outubro de 2017

Conheça a Reforma Protestante que hoje comemora 500 anos

"A paz, se possível, mas a verdade a qualquer preço", Martinho Lutero


Martinho Lutero aos 46 anos, por Lucas Cranach

Há 500 anos exatamente na data de hoje, 31 de outubro, teve início o movimento conhecido como Reforma Protestante culminado com a divulgação das 95 teses de Martinho Lutero. Mas você conhece quem foi Lutero e o que gerou essa contestação? Aqui você vai ficar a par de um pouco da vida de Lutero e sobre as causas e consequências da Reforma. Igrejas espalhadas pelo mundo comemoraram a importante data durante todo o mês de outubro e na Alemanha, país de origem de Lutero, o dia foi de feriado nacional com direito a celebração no Castelo de Wittemberg, berço da Reforma. (*No final da postagem vocês podem conferir o filme Martinho Lutero, a Reforma Protestante)

A Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão realizado por Matinho Lutero em 31 de outubro de 1517 quando protestou contra a doutrina praticada pela Igreja Católica através de suas 95 teses propondo uma reforma do catolicismo romano, na porta da igreja do Castelo de Wittenberg. Os princípios fundamentais da Reforma Protestante são conhecidos como Cinco Solas.


Cinco Solas são frases latinas que definem os princípios fundamentais da Reforma Protestante em contradição aos ensinamentos da Igreja Católica Apostólica Romana. A palavra 'sola' significa 'somente' em português e sintetiza os credos teológicos básicos dos reformadores, pilares os quais creram ser essenciais a vida e a prática cristã, e todos implicitamente se contrapõem ou rejeitam os ensinamentos da Igreja Católica Apostólica Romana. São elas: Sola fide (somente a fé), Sola scriptura (somente a escritura), Solus Christus (somente Cristo), Sola gratia (somente a graça) e Sola Deo gloria (somente a glória de Deus).

"Não sei por quais caminhos Deus me conduz, mas conheço bem meu guia", Martinho Lutero

O período que precedeu a reforma é chamado de pré-reforma. Sua origem data do século VII e advém dos valdenses, uma denominação cristã resultante dos seguidores de Pedro Valdo, um comerciante de Lyon que se converteu ao Cristianismo por volta de 1174. Ele resolveu encomendar uma tradução da Bíblia para linguagem popular e começou a pregá-la para a população sem ser sacerdote. Ao mesmo tempo, renunciou a sua atividade e os seus bens, repartindo tudo com os pobres.

Desde o início, os valdenses reivindicavam o direito de cada um poder ter a sua bíblia traduzida em sua própria língua, considerando ser a única fonte de toda autoridade eclesiástica. Eles reuniam-se secretamente em casas de famílias ou até mesmo em grutas devido a perseguição da igreja católica, já que negavam a supremacia de Roma e rejeitavam o culto as imagens, que consideravam idolatria.

"Nós em Cristo=Justificação, Cristo em nós=Santificação", Martinho Lutero

No século XVI, o inglês John Wycliffe, um professor da Universidade de Oxford, teólogo e reformador religioso inglês considerado como precursor da Reforma Protestante, levantou diversas contradições sobre controvérsias que envolviam o Cristianismo, mais precisamente a Igreja Católica Romana. Entre outras ideias, queria o retorno da igreja à primitiva pobreza do tempo dos evangelistas, que a seu ver era incompatível com a autoridade política exercido pelo papa e pelos cardeais, e que o poder da igreja deveria ser limitado as questões espirituais, sendo o mando executivo exercido pelo Estado, representado pelo rei. Mais tarde surgiu outra figura importante desse período, John Huss, um pensador tcheco que iniciou um movimento religioso baseado nas ideias de John Wycliffe e seus seguidores ficaram conhecidos como hussitas.

"Muitas vezes fui levado à oração pela irresistível convicção de que este era o único lugar para onde podia ir", Martinho Lutero

No início do século XVI, o alemão Martinho Lutero, ou Martin Luther em alemão, um ex-monge agostiniano e professor de teologia germânica, abraçou as ideias pré-reformadoras e proferiu três sermões contra as indulgência em 1516 e 1517. E precisamente há 500 anos atrás, no dia 31 de outubro de 1517 pregou as 95 teses na porta da Catedral de Wittemberg com um convite a uma disputa escolástica sobre elas, em que ofereceria um método formal de debate para descobrir verdades na teologia e na ciência. Esse acontecimento é considerado como o início da Reforma Protestante.

Essas teses condenavam o paganismo e a avareza na igreja e pediam um debate teológico sobre o que as indulgência significavam. Essas 95 teses foram logos traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e após um mês haviam siso espalhadas por toda a Europa.

"Existem três cachorros perigosos: a ingratidão, a soberba e a inveja. Quando mordem deixam uma ferida profunda", Martinho Lutero

Em junho de 1518 foi aberto um processo por parte da Igreja católica contra Lutero por conta das suas 95 teses. Ele acabou exilado por uma ano no Castelo de Wartburg, período em que realizou a tradução da bíblia para o alemão da qual foi publicado o Novo Testamento, em 1522.

Enquanto isso, muitos acontecimentos sucederam no clero, como renúncias de castidade, votos monásticos eram atacados, houve manifesto contra formas de adoração, missas chegaram ao fim, imagens nas igrejas foram eliminadas e aconteceu ab-rogação do celibato. Lutero se casou com uma ex-monja, marcando de uma vez por toda o rompimento com a Igreja Católica. Seu casamento incentivou o casamento de outros padres e freiras dissidentes do catolicismo.

"Minha consciência é escrava da palavra de Deus", Martinho Lutero

Em 1520, Lutero recebeu um exemplar da Bula Papal para retratar-se ou seria excomungado. Mas em protesto, ele juntamente com estudantes e professores de Wittemberg queimaram a Bula em praça pública. Ele também escreveu livros e tornou-se notório em toda a Europa.

Em janeiro de 1521, foi realizada a Dieta de Worms, uma dieta imperial do Sacro Império Romano Germânico realizada em Worms que consistia em um tipo de assembleia que funcionava como um órgão deliberativo formal em que suas decisões valiam para todo o império. Nela Lutero foi convocado para desmentir suas teses, mas no entanto ele defendeu-as e pediu a Reforma.

Para Lutero, Deus é quem torna um homem bom e justo e a salvação apenas é possível com uma experiência pura de fé em Jesus Cristo. O que os Reformadores mais queriam acima de tudo era a 'sola scriptura', ou seja, a total fidelidade ao que dizem os evangelhos contidos na bíblia. Isso significa que a bíblia é a única base para ensinamento da doutrina cristã por ser a única palavra autorizada e inspirado por Deus.

"Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras, deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias", Martinho Lutero

Dentre alguns pontos de relevância causados pela Reforma Protestante destacam-se: A possibilidade de acesso a bíblia, graças as traduções feitas por vários reformadores da época, entre eles o próprio Lutero; Diminuição do poder da Igreja Católica na Europa, inclusive redução da interferência no poder político dos monarcas; Diversos grupos independentes foram criados, conhecidos como denominações. Nas primeiras décadas da Reforma, surgiram diversos grupos destacando o luteranismo, que foi o originador do movimento da reforma da Igreja Católica, os calvinistas e anglicanos. Nos séculos seguintes surgiram outras denominação com destaque para os batistas e os metodistas; Houva reação da Igreja Católica conhecida como contra-reforma ao movimento da Reforma Protestante, a inquisição foi reativa e o combate ao Protestantismo foi estabelecido; Surgiram conflitos sociais de ordem religiosa, além de perseguições e cerca de 30 mil protestantes foram assassinados em 1572 por católicos na França, o episódio ficou conhecido como 'O Massacre da Noite de São Bartolomeu'; O surgimento de movimentos sociais, que tinham como propósito a implantação de um sistema  social e econômico mais justo, como a Guerra dos Camponeses que ocorreu na Alemanha, em 1525. Esse movimento prometia abolir as obrigações dos servos e a propriedade privada criando um sistema agrário igualitário.

"A superstição, a idolatria e hipocrisia são muito bem remuneradas, mas a verdade continua mendigando", Martinho Lutero

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sábado, 26 de agosto de 2017

RESENHA: 'A mágica da arrumação'

A abordagem japonesa que promete por fim de uma vez por todas na desagradável bagunça doméstica


Título: A mágica da Título original: Jinsei ga tokimeku katazuke no maho
Autor: Marie Kondo
Ano:2011
Total de páginas:160
Editora: Sextante
Tradução da edição em inglês (The life-changing magic of  tidying): Marcia Oliveira
ISBN:978-85-431-0209-2

O livro 'A mágica da arrumação' é o best-seller que ficou em primeiro lugar na lista do The New York Times com mais de 2 milhões de exemplares vendidos no mundo. Foi escrito pela japonesa Marie Kondo, a criadora do método de arrumação chamado por ela de KonMari, que consiste em uma técnica  descrita como simples, transformadora e que vai libertar seu usuário de uma vez por todas da cansativa e aparentemente infindável tarefa de arrumar a casa por permitir colocar um fim definitivo a desagradável bagunça doméstica. Essa tática consiste em um processo fundamentado no sentimento de felicidade que o objeto possuído é capaz de despertar no seu possuidor.

O ponto de partida para tal mudança é a decisão de dar a transformação definitiva na vida e assim partir para o primeiro passo que consiste no descarte de tudo que não traz alegria e portanto não considerados desnecessários no dia a dia, ou por já terem cumprido a sua função ou porque talvez nunca virão a ter utilidade. O segundo ponto é rodear-se somente de coisas que ama, mantendo apenas um lugar especifico para cada classe de objeto, o que livrará de vez daquela perda de tempo com horas gastas procurando algo que necessita naquele exato momento e assim terá prazer e motivação diariamente. 

Ela é enfática na importância do descarte no processo de arrumação e cita diversas vezes o procedimento e acrescenta que não adianta apenas guardar os pertences e mudar móveis de lugar para ter a impressão de que arrumou. Cita que é preciso ter uma razão concreta, para não por tudo a perder. Significa mais do que por em ordem. Deve-se focar no que eu enquanto usuária do método, quero guardar, o que eu gosto, que me faz feliz e dá satisfação a minha vida, sem receio de jogar fora o que não se encaixa nessas descrições.

Uma contradição observada é quando a autora relata que todos os seus clientes aplicaram a técnica por ela criada e tiveram uma influência positiva em suas vidas após alcançarem o objetivo de por definitivamente ordem na bagunça, sendo que linhas depois ela cita que nem todos alcançaram o que desejavam e nem mesmo chegaram a completar o curso por ela ministrado.

Ela cita fatos relacionados ao passado como culpados pelo comportamento de desordem, em que é necessário a conscientização da necessidade de mudança e desenvolvimento da habilidade de ser organizado, o que i gerar clareza para distinguir o que é inútil, assim como e o que é necessário fazer ou não para por a casa em ordem e consequentemente a própria vida. Outro ponto é o fato do método não ser único e estar intimamente ligado aos valores pessoais e ao estilo de vida que cada indivíduo deseja alcançar, por isso uma adaptação pessoal de cada um que almeje essa transformação faz-se necessária.

Outro aspecto interessante é a abordagem feita pela autora a cerca da raíz da desorganização, sobre uma pessoa não ser capaz de se manter organizada. Marie Kondo cita que essa pessoa simplesmente não aprendeu a  organizar os seus pertences na infância por não ter sida ensinada por seus pais e cita uma taxa praticamente insignificante de 1% que cumpre esse papel. E enfatiza a importância dessa prática fazendo uma comparação a ser tão necessára quanto alimentar-se e vestir-se.

Alerta sobre o perigo do efeito rebote que pode ser causado pela escolha de métodos errados que não surtirão os efeitos desejados. Outro problema pode ser causado pela execução errônea do método KonMari que apesar de ser feito baseado nas escolhas pessoais de cada um, precisa ser realizado de acordo com a ordem e período pré-estabelecidos por sua criadora. Caso não seja realizado dessa maneira surtirá probabilidade de retorno da bagunça, o que causa desmotivação.

Dicas preciosas dadas por Marie Kondo são as seguintes: quem optar por seguir o método deverá ter em mente a busca da perfeição; confiar na própria capacidade de escolha e de organizar espaços; e que a quantidade de objetos descartados não é proporcional a de compras; escolher por ordem e sem titubear o que jogar fora e onde guardar, o que escolher ficar; ter cuidado com armadilhas que podem sabotar o processo como: buscar a praticidade, ter o cuidado de não realizar o descarte perto dalgum dos membros da família para evitar a reciclagem doméstica e apenas tirar a bagunça de vista; antes de iniciar o procedimento de organização, pensar no estilo de vida que deseja ter, sempre se perguntando o porque da escolha feita, aí saberá se aquele item terá utilidade na sua nova vida; realizar durante o dia, com janelas abertas facilitando a entrada dos raios solares, o que facilita a visualização.

Ponto interessante é porque ela diz que definiu a maneira de organizar o seu método. É dividido por categorias e não por localização dos cômodos porque existem objetos de categorias repetidas em diversos locais da casa o que pode sabotar o processo por parecer que faz sempre a mesma coisa, sem sucesso. Por isso cada categoria deve ser descartada toda de uma vez.

Separou como possíveis causas da desorganização, algumas tais como: culpar a preguiça ou estar sempre 'ocupada', não colocar os objetos de voltar no lugar onde pegou, falta de ações adequadas em que é possível ver que o trabalho não está indo em vão, não por prazer no que faz e encarar a organização como um peso.

O livro é dividido em 5 partes. Na primeira parte a autora comenta sobre as dificuldades que as pessoas encontram em manter as suas casas e escritórios (porque ela também especifica que atende ambientes de trabalho além dos espaços domésticos); a segunda parte é destinada a falar sobre o procedimento do descarte, desde técnicas, importância e benefícios para o processo. A explicação sobre o seu promissor método de arrumação é descrito no capítulo 3, em que conta a ordem correta da arrumação com observações sobre o critério de escolha enquanto nos dois últimos relata a vida após a aplicação completa do método.

O livro é caracteristicamente pequeno, semelhante a um livreto, e todo o conteúdo é descrito em capítulos muito curtos de até uma folha de extensão com uma linguagem super simples e portanto muito fácil de ser compreendida. Se o leitor não optar ler os capítulos por etapas o que seria interessante para melhor compreensão das dicas de Kondo san, é possível finalizá-lo rapidamente devido ao conciso interior.

Alguns itens não tem êxito na explicação devido as diferenças culturais entre os dois países Brasil e Japão, como por exemplo: a escolha de organização em primeiro plano de roupas por estação. Isso funciona no Japão que é um país com as quatro estações bem definidas, o que não acontece no Brasil, um país de clima irregular onde é possível vivenciar todas as estações do ano em um único dia. Outro item é a exclusão definitiva das roupas de andar em casa com o pretexto de ser elegante até entre 4 paredes, o que também funciona naquele país por possuir uma cultura que as pessoas não 'dão tanta importância' a maneira pela qual os outros decidem expor os seus gostos através do vestuário e é possível até ver pessoas vestindo o que tem vontade e até mesmo andando de pijama em lojas e supermercados.

Outra contradição encontrada durante a leitura é a história sobre quantidade de peças de uma cliente de 2.000 para apenas poucas peças de roupa 64/65.

A leitura deste livro não é uma perda de tempo como já ouvi algumas pessoas comentarem e pode ser até mesmo interessante para os que tem vontade de conhecer mais sobre a cultura japonesa, como a crença da cura com as mãos, o foco na arrumação do quarto e banheiro da casa, o motivo de respeito e da gratidão a todos os objeto que compramos e fazemos uso no dia a dia e a nossa própria casa e para conhecer um pouco mais sobre a  crença religiosa chamada xintoísmo que tem como um de seus preceitos acreditar na existência de alma em todas as coisas, que juntamente com o budismo são as principais religiões daquele país.

sábado, 8 de julho de 2017

Tanabata Matsuri 七夕祭り

O Tanabata Matsuri (七夕祭り) ou simplesmente Tanabata (sete noites) é conhecido como Festival das Estrelas e trata-se de uma comemoração de origem japonesa que ocorre na sétima noite do sétimo mês do ano e aqui no Brasil é geralmente realizada no primeiro final de semana de julho. Ao longo do evento as ruas ficam repletas de enfeites de papel colorido e bambus, com apresentação de danças, músicas e comidas típicas. Quem vai ao local tem a possibilidade de escrever seus desejos nos Tanzaku, que consiste em tiras de papel penduradas nos bambus e também conhecidas como 'tiras dos desejos', posteriormente queimados juntamente com os bambus, pois acredita-se que essa fumaça levará os desejos escritos nesses tanzaku até as estrelas. 


A antiga lenda que originou o Tanabata Matsuri é passada através de gerações e conta a história de uma casal representado por duas estrelas situadas em lados opostos da galáxia e que só são vistas uma vez por ano: Orihime e Kengyu. Orihime (織姫) é conhecida como princesa tecelã, pois trabalhava diariamente em seu tear (as peças fabricadas por ela são consideradas mas mais leves do mundo e ficariam penduradas entre as estrelas, o que chamamos de nuvem, névoa e neblina) e Kengyu (牽牛), o pastor do gado pertencente ao imperador celeste.

O pai de Orihime, Tentei (天帝), conhecido como 'senhor celestial', vendo a tristeza da filha por viver sempre ocupada e sem tempo de apaixonar-se apresentou a moça o jovem rapaz chamado Kengyu por acreditar que fosse o par ideal para ela. Os dois logo apaixonaram-se, casaram-se e passaram a viver somente para o amor, deixando todas as obrigações diárias de lado. Indignado com tanta irresponsabilidade por parte do casal, Tentei resolveu separá-los, obrigando os dois a morarem em lados opostos da via láctea. Porém esse distanciamento trouxe muita tristeza para Orihime e em decorrência disso, Tentei resolveu permitir que os dois se encontrassem apenas uma vez no ano, justamente na sétima noite do sétimo mês do calendário lunar, desde que cumprissem a sua ordem de atender a todos os pedidos vindos da Terra nesta data.

 A partir da foz da Via Láctea, um barqueiro ficaria encarregado de levar a princesa Orihime ao encontro de seu amado, mas se ela não realizasse seu trabalho corretamente, o seu pai provocaria a inundação do rio impossibilitando a sua travessia. Quando isso ocorria, com o choro da princesa tecelã, um grande grupo de pássaros formava uma ponte ajudando-a a atravessar. A lenda conta que quando chove no dia da celebração do Tanabata Matsuri é porque os pássaros não formaram a ponte, não permitindo o encontro de Orihime e Kengyu, sendo necessário esperar até o próximo ano para que possa acontecer a realização dos desejos.

O festival que celebra essa história de amor teve início na corte japonesa há mais de 1.000 anos e foi considerado feriado na Terra do Sol Nascente. Atualmente o Festival Tanabata é uma das maiores festas populares do Japão, sendo realizado em diversas localidades, e o que ocorre na província de Miyagi, capital Sendai, na região de Tohoku, é o mais tradicional de todos. Aqui no Brasil foi apresentado pela primeira vez em 1978, na cidade de Assaí, no estado do Paraná, no sul do país. 

As principais comemorações em solo brasileiro ocorrem no tradicional bairro da Liberdade, em São Paulo, que este ano apresentará a sua 39ª edição nos dias 15 e 16 de julho. A festa reúne dezenas de atrações e atrai a presença de aproximadamente 100.000 visitantes anualmente. Desde 1994, a festividade também foi incorporada ao calendário de Ribeirão Preto, no interior do estado, devido a grande quantidade de imigrantes japoneses residentes no local e este ano a comemoração será realizada nos dias 14, 15 e 16 deste mês. Em Araraquara, também no interior, acontece nos dias 7 à 9 de julho. Aqui no Rio de Janeiro, será realizado pela associação Nikkei no sábado, dia 8 de julho.

A enfermeira Vânia Kiyomi Amorim é descendente de japoneses e todos os anos faz questão de comparecer a festa com os seus familiares por considerar todo o evento perfeito e também por acreditar ser muitos importante passar as tradições de seus ancestrais às gerações futuras:

"É um interessante evento trazido pelos imigrantes japoneses e considero ser o mais lindo que ocorre no bairro da Liberdade, aqui em São Paulo. Tudo realizado corretamente, desde a organização, a montagem, as atrações artísticas, culturais, a desmontagem e a limpeza para na segunda-feira a praça ficar livre para o dia a dia da população. É simplesmente fantástico! Vale muito a pena participar da festa, que é ótima."

Para os que queiram fazer seus pedidos para as estrelas, é importante saber que as cores dos papéis do tanzaku tem o seguinte significado:
Branco - paz
Rosa - amor
Verde - esperança
Vermelho - paixão
Azul - proteção dos céus
Amarelo - dinheiro

Também há uma canção do Tanabata que é ensinada as crianças japonesas: 
Sasa no ha sara-sara (笹の葉 さらさら)
Nokiba ni yureru (軒端にゆれる)
Ohoshi-sama kira-kira (お星様 キラキラ)
Kin Gin sunago   (金銀砂ご)
 
Imagens do Tanabata Matsuri:
Em Miyagi, no Japão


No bairro da Liberdade, em São Paulo
Em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo
Em Araraquara, também no interior de São Paulo
No Rio de Janeiro
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sábado, 17 de junho de 2017

Marcelo Crivella e o Carnaval Carioca

Esta semana, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, do PRB, gerou um grande desconforto no mundo do samba, que movimentou as redes sociais e fora dela, após ser noticiado em diversos dos maiores veículos do país, como o site G1, Veja.com, Folha e El Pais Brasil a declaração da decisão de realizar um corte na verba destinada as escolas de samba do carnaval carioca em benefício da criação de creches. Muitos se manifestaram a favor e uma outra parcela se disse contra a polêmica decisão de Crivella, seja por serem simpatizante e gostarem de brincar os 3 dias da folia de momo ou por obter algum benefício advindo da festa. Afinal, nem tudo é apenas diversão porque o carnaval gera uma grande soma de dinheiro e oportunidades temporárias para os cidadãos residentes no estado.


Essa disputa envolve as 12 escolas de samba do grupo especial (aquelas que fazem parte da primeira divisão do carnaval carioca e que desfilam no domingo e na segunda-feira do evento) que não concordam com a decisão de Marcelo Crivella em cortar 50% dos dois milhões do dinheiro público que cada uma delas receberia e, por isso haviam ameaçado não desfilar na Marquês de Sapucaí em 2018. Segundo Crivella, uma parte desse dinheiro será destinado a ampliação do orçamento para a criação de creches da rede pública municipal que atende atualmente 15 mil  crianças carentes, e assim passaria a destinar R$20,00 diários que devem ser pagos a partir de agosto para cada uma destas, o dobro dos atuais R$10,00. Lembrando que no início do ano, o prefeito já havia causado um mal-estar entre os frequentadores do mundo do samba ao decidir não ir a cerimônia de entrega da chave da cidade ao Rei Momo. 

Essa rechonchuda figura carnavalesca foi inspirada em um personagem da antiguidade clássica. Na mitologia grega, Momo era o deus do sarcasmo e do delírio que usando um gorro com guizos e segurando em uma mão uma máscara e em outra uma boneca, vivia rindo e tirando sarro dos outros deuses. Com esse jeito esculachado, acabou sendo expulso do Olímpo, a morada dos deuses. Antes da era cristã, gregos e romanos, incorporaram essa figura mitológica a algumas de suas comemorações, principalmente as que envolviam sexo e bebida. Na Grécia, os primeiros Reis Momos que se tem notícia desfilavam em festas de orgia por volta dos séculos 5 e 4 a. C. (fonte Mundo Estranho). E qualquer semelhança com o carnaval não é mera coincidência.

Como justificativa a decisão de alocar as verbas às creches do município, o prefeito Marcelo Crivella fez a seguinte declaração: "O carnaval é muito mais do que carros alegóricos. Vivemos restrições orçamentárias. É uma questão para refletir se vamos usar esses recursos para uma festa de 3 dias ou durante os 365 dias do ano."

Por meio de nota enviada aos veículos da imprensa, a Secretaria de Turismo do Rio, Riotur, responsável pelos desfiles das escolas de samba, se posicionou sensatamente ao informar que o corte de verba não é motivo para gerar toda essa polêmica e afirmou que o carnaval do ano que vem está garantido alegando que diante da atual crise torna-se indispensável remanejar a verba para priorizar o essencial como a alimentação e a educação das crianças nas creches. A Liga independente das escolas de samba, Liesa, já havia ameaçado não desfilar no carnaval 2018 justificando que o corte de verba tornaria o desfile inviável.

No início das comemorações de abertura do carnaval deste ano, Crivella se posicionou contrário a margem de interpretação da tradição como se gerasse o sentido de obrigação e a isso ele fez o seguinte anúncio: "Eu acho que no Rio de Janeiro, nós temos cada um, que respeitar as pessoas. Cada um no Rio de Janeiro não deve ser obrigado a fazer nada. Eu acho que tem uma agenda do prefeito que deve ser cumprida, e que não necessariamente é a agenda da imprensa. É isso que nós temos que fazer."

De acordo com a prefeitura, mesmo com os cortes já anunciados, o carnaval do Rio de Janeiro irá receber investimentos em 2018, tais como por exemplo: a realização de obras na Avenida Marquês de Sapucaí para melhoria da condições de infraestrutura oferecidas as escolas que incluí os sistemas de som e luz, além de telões por toda a passarela.

Muitos se posicionaram contra a polêmica declaração e se dizem revoltados com a decisão do prefeito de mexer no carnaval e ainda afirmam que esta não seria a solução para o problema da verba. Uma das conhecidas opositoras é a autora de novelas Glória Perez, que conforme lamentou à Veja.com, o carnaval trás dinheiro para a cidade e gera empregos. Ela também retuíta mensagens de seguidores que fazem alusão a tais justificativas.

Na quinta-feira, 15, secretário municipal de conservação e meio ambiente, Rubens Teixeira, fez uma postagem em seu perfil da rede social Facebook para se manifestar sobre as críticas feitas pelas escolas de samba a cerca da decisão de Marcelo Crivella de cortar 50% do dinheiro destinado as agremiações com a seguinte afirmativa:

"Nem todos os turistas ou cidadãos cariocas que participam do carnaval vão ao Sambódromo. A maioria do povo não vai lá. A maioria de quem participa do carnaval vai a blocos de rua e outras programações. Muitos saem da cidade. Se é um show apenas para alguns, seria ótimo a iniciativa privada explorar. Há outras prioridades urgentes que beneficiam a expressiva maioria e que devem ser foco dos gestores sérios."

Outros pelo contrário, mesmo se declarando amantes da internacional folia de Momo, se posicionaram a favor da decisão do prefeito alegando bom senso diante do momento de crise que requer redução de gastos e também por acreditar que as escolas de samba possuem fonte de renda que permite a participação no desfile da festa de 2018, como a jovem Branca de Andrade: 

"Sinceramente, estão fazendo tempestade em um copo d'água. Amo o carnaval, mas essa questão está ridícula, estão fazendo desta redução de custos o fim do mundo. As escolas de samba tem patrocínio, as entradas para os eventos não saem por menos de R$50,00, além dos camarotes que são caríssimos. E sem contar todo o lucro gerado pelos eventos que ocorrem nas quadras das escolas de samba e que ficam para essas agremiações e não para outro fim. As fantasias são caras e ainda assim parece que o único meio de fazer carnaval vem da subvenção. Isso não se chama defender o carnaval mas sim, venha a nós e nada mais. O estado lucra com o turismo, mas parece que ninguém ainda percebeu que a prefeitura precisa reduzir os custos para investir em hospitais, etc. Eu não sou evangélica, apenas tenho o discernimento de saber o que é certo ou absurdo com estão falando por aí."

E também: "A exemplo do que já tivemos em 1982 quando não era permitido pôr pessoas em cima das alegorias, as escolas de samba fizeram poucas dessas alegorias e de tamanho pequeno. Enxerguem isso como um reencontro com a essência das escolas de samba com ênfase nas pessoas que amam a sua escola e desfilam por ela e sem toda essa tecnologia. Uma escola esteticamente com perfil do final dos anos 80 para o início dos 90. Seria muito bom fazer essa volta no tempo.", citou Bruno Ricardo.

Diante de tantas opiniões favoráveis e desfavoráveis também posso e venho dar a minha. Apesar de hoje em dia optar por outro tipo de divertimento, e da folia de fevereiro nunca ter sido a minha forma de divertimento preferida, não vou ser hipócrita de dizer que nunca participei do carnaval e de que não acho interessante todo o trabalho cultural desenvolvido pelas escolas de samba porque como moradora do RJ é algo quase impossível nunca ter tido participação por menor que seja  nessa festa, mas há pontos positivos e negativos sobre o carnaval e não considero que seja algo essencial para a vida de alguém, principalmente para os que não estão diretamente ligados a qualquer agremiação. O meu posicionamento é a favor da decisão tomada pelo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, em dividir a verba, que seria destinada integralmente as escolas, com as futuras creches municipais.

Um ponto para levar em consideração é o valor que essas escolas já recebem com direito de imagem, venda de cds, de artigos como blusas e etc... que são vendidos nas butiques das próprias escolas, vendas de ingressos para assistir os desfiles (eu paguei R$250,00 por um lugar em uma arquibancada para assistir a escola que simpatizo desfilar novamente entre as campeãs após 21 anos de afastamento. E eu era bem novinha nessa época e ainda não tinha ido ao Sambódromo. Agora soma aquilo lá cheio.), com vendas de fantasias que são caras, dinheiro do projeto sócio-torcedor e também dos eventos que as quadras realizam o ano todo, além de apresentações mundo afora e mais alguma coisa que eu possa ter esquecido. Outro ponto é a histórica ligação dessas escolas com a contravenção que movimenta as máquinas de jogos ilegais no país, motivo que fez o governo criasse medidas de apoio para gerar afastamento desse elo, conforme li em uma reportagem a alguns anos atrás. Outra observação é que como explica o  Organizze, os eventos culturais também tem direito a um montante o que dá direito as  escolas de samba de receber uma porcentagem dessa verba, mas, a questão é a prioridade seria a educação infantil que justifica a divisão. Outro item a citar é a constante manifestação de intolerância demonstrada por muitos defensores do desfile de carnaval. É um troca de ofensas de pessoas que exigem respeito, apoio e compreensão sem se importar com o outro lado e julgam primeiramente como se tudo estivesse relacionado a escolha religiosa e não a sensatez administrativa. E finalizo o excesso de questionamento sobre a promessa feita na campanha de 2016 quando questionado se manteria o apoio as escolas no que diz respeito a dar dinheiro para as escolas. Ele respondeu que iria ver o que faria e manteria a parceria com as escolas como tem acontecido nos anos anteriores, e ela ainda existe e continuará no ano que vem porque o repasse não foi cortado e sim dividido por questão de prioridades. Outro argumento importante seria, como foi citado acima e eu concordo, a redução de alegorias e de toda a cara tecnologia tão presente nos desfile atualmente resgataria não só a essência do samba mas a segurança sem todos aqueles gigante que mostram toda a opulência das escola e ao mesmo tempo põe em risco a segurança dos participantes como ocorreu este ano quando aconteceu acidentes com carros imensos gerando acidentes e morte. E além de mostrar aquela mesma atuação de sempre com personagens e situações que cada vez mais se afastam da cultura brasileira, dando aparência do idêntico. Sem contar que como todos sabem, o carnaval também trás muitos efeitos negativos, como: aumento do consumo de bebidas alcoólicas, drogas, exacerbação da sensualidade e da violência criam uma ambiente desfavorável, conforme já havia citado o site do Extra.
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